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CHARLES EAMES (1907–1978) (EUA - CALIFÓRNIA)

Perfil:

CHARLES EAMES – Sobrinho do arquiteto William S. Eames, por volta dos seus 14 anos enquanto estudante, trabalhou em part-time na Laclede Steel Company, onde adquiriu conhecimentos de engenharia, desenho e arquitetura e onde mantinha a ideia de um dia vir a ser arquiteto. Charles estudou por algum tempo arquitetura na Universidade Washington em St. Louis com o apoio de uma bolsa de estudo, e desistiu após dois anos. Várias fontes afirmam que ele teria sido afastado pela sua defesa de Frank Lloyd Wright e pelo seu interesse em arquitetos modernos, e alegadamente porque as suas posições seriam “demasiadamente modernas". Charles Eames, ao mesmo tempo que estudava era

também funcionário do gabinete de arquitetura Trueblood and Graf. As exigências de tempo por parte deste emprego a par das aulas, levaram à privação do sono e à diminuição da sua prestação académica. Enquanto estudante na Universidade de Washington, conheceu a sua primeira mulher, Catherine Woermann, com quem casaria em 1929. Um ano mais tarde tiveram uma filha, Lucia. Em 1930 deu início ao seu próprio gabinete de arquitetura em St. Louis, em parceria com Charles Gray. Mais tarde, juntaram-se com um terceiro sócio, Walter Pauley. Charles foi bastante influenciado pelo arquiteto finlandês Eliel Saarinen, cujo filho Eero, também arquiteto, viria a ser seu sócio e amigo. A convite de Eliel, Charles mudou-se com a sua família em 1938 para o Michigan de modo a prosseguir os estudos de arquitetura na Academia de Arte de Cranbrook, onde mais tarde chegaria a professor e responsável pelo departamento de design industrial. Em 1941, e em parceria com Eero Saarinen, desenhou mobiliário para a competição “Organic Design in Home Furnishings" Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. O trabalho de ambos, premiado, exibia a nova técnica de moldagem de madeira originalmente concebida por Alvar Aalto, que mais tarde Eames desenvolveria em inúmeros produtos de contraplacado moldado, incluindo, para além de cadeiras e outro mobiliário doméstico, macas para a Marinha norte-americana durante a II Guerra Mundial. Também em 1941, Charles e Catarina divorciaram-se, tendo casado em seguida com a sua colega de Cranbrook Ray Kaiser, nascida em Sacramento, na Califórnia. O casal mudou-se então para Los Angeles, local onde trabalhariam o resto da vida. No fim da década de 40, Charles desenhou e construiu para ambos a pioneira Eames House, integrada no programa “Case Study Houses" da publicação Arts & Arhitecture. Localizada numa colina com vista para o Pacífico e construída à mão numa questão de dias com base em peças de aço pré-fabricadas destinadas à produção industrial, permanece um marco da arquitetura moderna.

RAY BERNICE ALEXANDRA KAISER EAMES – Artista, designer e cineasta norte-americana que, em conjunto com o seu marido Charles, foi responsável por muitos ícones do design do século XX. Nasceu em Sacramento, Califórnia, filha de Alexander e Edna Burr Kaiser, e irmã de Maurice. Depois de viver em várias cidades durante a juventude, em 1933 graduou-se no Colégio Bennett, em Millbrook, mudando-se em seguida para Nova Iorque, onde estudou pintura expressionista abstrata com Hans Hofmann. Foi uma dos fundadores do grupo American Abstract Artists em 1936, tendo exibido obras na sua primeira exposição um ano mais tarde no Riverside Museum em Manhattan. Uma das suas telas está na coleção permanente do Museu Whitney de Arte Americana. Em Setembro de 1940 inicia estudos na Cranbrook Academy of Art, no Michigan.

Conhece Charles Eames durante a preparação de desenhos e maquetes para a competição “Organic Design in Home Furnishings", e casaram-se no ano seguinte. Em 1943, 1944 e 1947, Ray Eames desenha várias capas para a publicação de referência Arts & Architecture. Durante o final da década de 40, cria vários padrões têxteis, dois dos quais foram produzidos pela Schiffer Prints, empresa que também produziu tecidos da autoria de Salvador Dalí e Frank Lloyd Wright. Durante a década de 50, o casal Eames prossegue o seu trabalho na arquitetura e design de mobiliário. Tal como no trabalho inicial em contraplacado, os Eames são pioneiros na utilização de inúmeras técnicas, como a fibra de vidro, cadeiras em resina plástica, e as cadeiras em malha de metal concebidas para o fabricante de equipamento de escritório Herman Miller. A par do trabalho de design, o interesse de Cherles pela fotografia traduziu-se na concepção de várias curtas-metragens. Desde a sua primeira obra, o incompleto “Traveling Boy" de 1950, até ao extraordinário Powers of Ten de 1977, o seu trabalho no cinema tem sido visto como um meio de difusão para ideias e um veículo de experimentalismo e educação. Em atividade ao longo de mais de quatro décadas (1943-1988) na Washington Boulevard em Venice na Clifórnia, o gabinete de Charles e Ray Eames, acolheu na sua equipa vários designers notáveis, como Henry Beer, Richard Foy, Don Albinson, Deborah Sussman, Harry Bertoia e Gregory Ain, que foi engenheiro-chefe para os Eames durante a II Guerra Mundial. Entre os vários projetos de relevo que surgiram no gabinete estão as cadeiras em contraplacado moldado DCW (“Dining Chair Wood") e DCM (“Dining Chair Metal") em 1945, Eames Lounge Chair de 1956, o mobiliário para o Aluminium Group em 1958, a Eames Chaise, desenhada em 1968 para o amigo de Charles, o realizador Billy Wilder, a Do-Nothing Machine em 1957, experiências com energia solar e um vasto número de brinquedos. O casal produzia frequentemente curtas metragens para documentar os seus interesses, como o colecionismo de brinquedos e de artefatos culturais durante as suas viagens. Os filmes também registam o processo de montagem das suas exposições ou a produção das suas peças de mobiliário. Alguns dos seus outros filmes abrangem temas mais intelectuais. Powers of Ten, narrado pelo físico Philip Morrison, oferece uma demonstração dramática das ordens de magnitude através do afastamento visual da Terra em direção à fronteira perceptível do universo, aproximando-se em seguida do núcleo de um átomo de carbono.

Charles Eames morreu de ataque cardíaco em 21 de Agosto de 1978 durante uma viagem à sua terra natal. Ray morreria 10 anos mais tarde. Na altura da sua morte, encontravam-se a trabalhar no que seria a sua última produção em série, o Sofá Eames, produzido em 1984.

Desde o início da sua atividade, o mobiliário dos Eames era listado apenas pelo nome de Charles Eames. Em 1948 e 1952, os catálogos da Herman Miller apenas mencionam Charles, mas ficou evidente que a mulher Ray, pela magnitude da sua participação e envolvimento, deveria ser considerada nos mesmos termos do marido. Os têxteis eram desenhados sobretudo por Ray, assim como os bancos Time Life. Em 1979, o Royal Institute of British Architects homenageou o trabalho de ambos com a Medalha de Ouro.

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